outubro 02, 2011

Hope: propaganda de mau gosto.

Hope: propaganda de mau gosto


Carmen Hein de Campos[1]



A propaganda brasileira precisa mudar. As agências de publicidade responsáveis pela elaboração de propagandas precisam amadurecer e aprender a respeitar as mulheres. As supostas “brincadeiras” publicitárias que utilizam o corpo feminino para vender produtos, como na recente propaganda da Hope, reforçam estereótipos de que as mulheres brasileiras são tão infantis que precisam ser “ensinadas” a lidar com questões cotidianas desagradáveis e a forma de lidar com isso é “tirando a roupa”.





A mesmice ofensiva da propaganda brasileira às mulheres recentemente recebeu repúdio internacional. A agência brasileira Moma, que ganhou o Leão de Prata em Cannes (30/06) com uma propaganda sobre o ar condicionado dual zone de automóveis fabricados pela Kia Motors foi considerada pedófila por profissionais do ramo e veículos de comunicação estrangeiros. Na propaganda, em que duas peças criadas são colocadas lado a lado, há um diálogo entre um professor e uma aluna, aparentemente cursando o ensino fundamental. "Professor, obrigada por ficar até mais tarde comigo hoje", diz a garota. Na outra peça, a menina dá lugar a uma garota mais velha e atraente e o professor, folgando a gravata, responde: "Que isso...é um prazer".





Após a garotinha oferecer uma maçã, o professor (na primeira peça) morde a fruta exclamando "hmmm...que delícia...como é suculenta". A propaganda termina com o professor sugerindo começarem a lição, enquanto do lado direito a mulher diz "que tal...anatomia?". A reação à peça publicitária foi tão forte que a Kia Motors distribuiu nota dizendo que a propaganda não seria veiculada porque não expressava a opinião da Kia Motors. Críticos disseram que a propaganda só venceu porque o júri era formado exclusivamente por homens.





Na sexista propaganda da Hope uma mulher infantilizada e dependente (representada por Gisele Bundchen) é “ensinada” que, para tratar com marido sobre o fato de ter batido o carro, ou excedido o cartão de crédito, a melhor forma é ficar de calcinha e sutiã.





A agência de publicidade Giovanni+Draftfcb talvez não esteja informada que as mulheres representam hoje mais de 30% das chefias de famílias, são trabalhadoras, profissionais liberais, empresárias e servidoras públicas, etc, que pagam suas contas, criam seus filhos e têm estabelecido relações domésticas cada vez mais igualitárias e solidárias com seus companheiros.





Retirar do ar a propaganda é uma demonstração de respeito às mulheres e reconhecimento que mais não suportamos ser tratadas como objetos ou estereotipadas em comerciais. As mulheres brasileiras elegeram a primeira Presidenta do país, que fez história ao abrir, pela primeira vez, uma reunião das Nações Unidas discursando sobre a igualdade de gênero e questões sérias vivenciadas pelos povos no mundo.





As agências publicitárias precisam crescer e aprender com o exemplo de maturidade e cidadania que as mulheres brasileiras vêm oferecendo ao país. E tudo isso, sem precisar tirar a roupa como pretende “ensinar” a Hope.







[1] Coordenadora Nacional do Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher – CLADEM/Brasil.







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Carmen Hein de Campos

Coordenadora Nacional do Cladem/Brasil - Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher

Doutoranda em Ciências Criminais PUCRS

Fones: 51-3273-5524/51-9664-5524 (61) 9606-6158



charmcampos@yahoo.com.br

Artigo publicado no Correio Braziliense e enviado pela amiga da AMARC Rose Castilhos











Precisamos refletir E AGIR com este tipo de propaganda!

Comentários;



Célia Rodrigues:Se não fizermos alguma coisa, em forma de mobilização, socializada com todos os movimentos feministas, esse modelo de propaganda, jamais sairá de circulação dos veículos de comunicação!!



Gostaria de reforçar a minha preocupação relacionada as discussões temáticas da Conferência de Mulheres que está acontecendo em todo Brasil, não seria uma boa oportunidade para se votar uma ação com especificidade no assunto?





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